terça-feira, 29 de maio de 2012

LEI DA DESTRUIÇÃO

Introdução:

Embora nos custe compreendê-lo, a destruição também se constituí lei da natureza, cumprindo um sábio desígnio providencial.

Sabemos que a vida orgânica é indispensável à evolução dos seres, e daí haver Deus estabelecido as leis de reprodução e de conservação com o fim de, por meio delas, assegurar o desenvolvimento do princípio inteligente que neles se elabora.

A Lei de destruição é por assim dizer, o complemento do processo evolutivo, visto ser preciso morrer para renascer e passar por milhares de metamorfoses, animando formas corporais gradativamente mais aperfeiçoadas, e é desse modo que, paralelamente, os seres vão passando por estados de consciência cada vez mais lúcidos, até atingir, na espécie humana, o reinado da Razão.

Destarte, em última análise, podemos dizer, com base no livro "A Gênese", que: "preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos."

A parte essencial dos seres – lembram os luminares da espiritualidade - não é o envoltório físico, mas o elemento anímico que o impulsiona, elemento esse que, sendo também imortal nos animais, retorna ao palco da vida terrena para a continuação de sua jornada progressiva, como ocorre com todas as criaturas de Deus.


Ä Destruição necessária e destruição abusiva:

"A destruição recíproca dos seres vivos é dentre as leis da Natureza, uma das que, à primeira vista, menos parecem conciliar-se com a bondade de Deus. Pergunta-se por que lhes criou Ele a necessidade de mutuamente se destruírem, para se alimentarem uns à custa dos outros.

Para aquele que enxerga apenas a matéria, que limita sua visão à vida presente, isto parece, com efeito, uma imperfeição na obra divina. É que em geral, os homens julgam a perfeição de Deus pelo seu ponto de vista; sua própria opinião é a medida de sua sabedoria, e pensam que Deus não poderia fazer melhor do que eles próprios o fazem. Com sua visão limitada, não lhes permite julgar o conjunto, não compreendem que, de um mal aparente, pode resultar um bem real. O conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência, e da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da Criação, é o único que pode dar ao homem a chave desse mistério, e mostrar-lhe a sabedoria providencial e a harmonia, precisamente onde não via senão uma anomalia (s. f. Irregularidade; anormalidade; aberração; monstruosidade. (Do gr. anomalia.) e uma contradição.

Uma primeira utilidade, que se apresenta, desta destruição, utilidade puramente física, é verdade – é esta: os corpos orgânicos não se mantêm senão por meio de matérias orgânicas, sendo estas matérias as únicas que contêm os elementos nutritivos necessários à sua transformação. Como os corpos, instrumentos da ação do princípio inteligente, têm necessidade de ser incessantemente renovados, a Providência os faz servir para sua manutenção mútua; é por esse motivo que o corpo se nutre do corpo, mas o Espírito não é nem destruído, nem alterado; apenas se despoja de seu envoltório.

Há, além disso, considerações morais de ordem elevada.

É necessário a luta para o desenvolvimento do Espírito. Na luta é que ele exercita suas faculdades. O que ataca em busca do alimento e o que defende para conservar a vida usam da habilidade e inteligência, aumentando, em conseqüência, suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe; mas, em realidade, que foi o que o mais forte ou mais destro tirou ao mais fraco? A veste de carne, nada mais; ulteriormente (ulterior - adj. 2 gên. Que está, chega ou sucede depois; situado além; posterior; futuro. (Do lat. ulteriore.), o Espírito, que não morreu, tomará outra.

"Nos seres inferiores da criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, em os quais a inteligência ainda não substitui o instinto, a luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas dessas necessidades é a da alimentação. Eles, pois, lutam unicamente para viver, isto é, para fazer ou defender uma presa, visto que nenhum móvel mais elevado os poderia estimular. É nesse primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida.

Sob outro prisma, ao se destruírem uns aos outros, pela necessidade de se alimentarem, os seres infra-humanos (infra - pref. Termo que significa abaixo, na parte inferior.) mantêm o equilíbrio na reprodução, impedindo-a de tornar-se excessiva, contribuindo, ainda, com seus despojos, para uma infinidade de aplicações úteis á Humanidade.

Restringindo o exame desta questão apenas ao procedimento do homem, que é o que mais nos interessa, aprendemos com a Doutrina Espírita que a matança de animais, bárbara sem dúvida, foi, é e será por mais algum tempo necessária aqui na Terra, devido às suas grosseiras condições de existência. À medida, porém, que os terrícolas (adj. e s. 2 gên. Diz-se da pessoa ou animal que habita na terra.) se depurem, sobrepondo o espírito à matéria, o uso de alimentação carnívora será cada vez menor, até desaparecer definitivamente, qual se verifica nos mundos mais adiantados que o nosso.

Aprendemos, mais, que em seu estado atual o homem só é escusado (da responsabilidade) dessa destruição na medida em que tenha de prover ao seu sustento e garantir a sua segurança. Fora disso, quando, por exemplo, se empenha em caçadas pelo simples prazer de destruir, ou em esportes mortíferos, como as touradas, o "tiro aos pombos", etc., terá que prestar contas a Deus por esse abuso, que revela, aliás, predominância dos maus instintos.

O temor da morte é um efeito da sabedoria da Providência e uma conseqüência do instinto de conservação comum a todos os viventes.

Assim é que, nos povos primitivos, o futuro é uma vaga intuição, mais tarde tornada simples esperança e, finalmente, uma certeza apenas atenuada por secreto apego à vida corporal.

À proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim, calma, resignada e serenamente.

"Para libertar-se do temor da morte é mister (obs. lê-se mistér - s. m. urgente; necessário; aquilo que é forçoso. (Do lat. ministeriu.) poder encara-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, o que denota da parte do Espírito encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria.

No Espírito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura perdido, desesperado.

O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total, igualmente o estimula secreto anseio pela sobrevivência da alma, velado pela incerteza.

Esse temor decresce, à proporção que a certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa.


Ä Flagelos destruidores - Guerras:

Os flagelos destruidores são de dois tipos: os naturais e os provocados pelos homens. Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Não tem, porém, o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos (afolhar - v. tr. dir. Dividir (o terreno) em folhas ou porções, para alternar as culturas) e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres? Que não fará o homem pelo seu bem-estar material quando souber aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes?

Os flagelos destruidores, por um outro lado, proporcionam condições para que a humanidade possa progredir mais depressa.

O homem é levado à guerra pela predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e também, pelo transbordamento das paixões.

A providência torna necessária a guerra objetivando a liberdade e o progresso.

Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um longo martirológio (s. m. Lista dos mártires com a narração de seu martírio. (Do gr. martyr+logos.) Através dos tempos, por cima dos séculos, rola a triste melopéia (s. f. Peça musical com que se acompanha uma recitação; toada; forma de declamação agradável ao ouvido. (Do gr. melopoeia.) dos sofrimentos humanos.

A dor segue todos os nossos passos; espreita-nos em todas as voltas do caminho. E diante desta esfinge que o fita com o seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor?

Fundamentalmente considerada, a dor é uma lei de equilíbrio e educação.

Neste sentido, os flagelos destruidores são permitidos por Deus para que a Humanidade possa "progredir mais depressa". Aliás, a palavra flagelo geralmente é interpretada como algo prejudicial, quando, na realidade, representa o meio pelo qual as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.

É bem verdade que existem outros processos, menos rigorosos, para fazerem os homens progredir e Deus os emprega todos os dias, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário, portanto, que se faça sentir a sua fraqueza, vindo ele a responder pelo seu orgulho.

E com o abatimento do orgulho a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação se assinala por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento. Aquelas se tornam, muitas vezes, penosas, dolorosas, e arrebatam consigo as gerações e as instituições, mas são sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral.

Quando os flagelos naturais, tais como cataclismos (s. m. Revolução geológica que modifica a superfície da terra. (Do gr. kataklysmos.), enchentes, fome, epidemias de doenças e de pragas em plantações, a seca, os terremotos e maremotos, as erupções vulcânicas, os tornados, ciclones, etc., se abatem sobre a humanidade, muitos se revoltam contra Deus, perdendo oportunidades valiosas de compreender o significado de tais acontecimentos.

A Lei de Causa e Efeito exerce sua influência inelutável (adj. 2 gên. Que não se pode evitar; contra que não se pode lutar; irresistível; invencível. (Do lat. ineluctabile.) não só sobre os homens, individualmente, como também sobre os grupos sociais.

Assim, por exemplo, quando uma família, nação ou raça busca algo que lhe traga maiores satisfações, esforça-se por melhorar suas condições de vida ou adota medidas que visem a acelerar o seu desenvolvimento, sem prejudicar ou fazer mal a outrem, está contribuindo, de alguma forma, para a evolução da Humanidade, e isto é bom. Receberá, então, novas e mais amplas oportunidades de trabalho e progresso, conduzindo os elementos que a constituem a níveis cada vez mais elevados.

Se, porém, procede ao contrário, mais cedo ou mais tarde sofrerá a perda de tudo aquilo que adquiriu injustamente, em circunstâncias mais ou menos trágicas e aflitivas, segundo o grau de malícia e crueldade que lhe tenha caracterizado as ações.

É assim que, mais tarde, em outras existências planetárias, são chamados a expiações coletivas ou individuais, sob a forma de flagelos destruidores.

Acontece, porém, que muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser a submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.

Enfrentado esses flagelos naturais (aqueles que independem de sua vontade), o homem é impulsionado por força da necessidade, a buscar soluções para se libertar do mal que o ataca. É por isso que a dor torna-se um processo, um meio de equilíbrio e educação, como assinalamos acima.

Mesmo as guerras, que nada mais representam do que a "a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento de paixões, geram a liberdade e o progresso da Humanidade".

Deus permite que haja a guerra e todas as suas funestas conseqüências, para que o homem, ao contacto com a dor, se liberte, por um lado, do seu passado de erros, e burile, por outro, as tendências más que ainda o fazem manter-se em atraso moral.


Ä Expressões de Crueldade:

O que impele o homem à guerra é a "predominância das paixões. No estado de barbárie, os povos um só direito conhecem - o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o estado de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos freqüente se torna a guerra, porque ele evita as causas, fazendo-a com humildade, quando a sente necessária".

O homem não tem culpa dos assassínios praticados durante a guerra, quando constrangido pela força; mas é culpado das crueldades que comete, sendo-lhe também levado em conta o sentimento de humanidade com que proceda.

O sentimento de crueldade é o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má.


Ä Os Espólios da guerra:

Espólio – (s. m. Bens que ficam por morte de alguém; esbulho; despojo; espoliação. (Do lat. spoliu.)

"Porque é necessário que sucedam escândalos; mas aí daquele homem por quem venha o escândalo!"(Jesus – MT.18:7).

O pensamento do Celeste Amigo, retratado no texto epigrafado (epigrafar - v. tr. pred. e tr. dir. Pôr epígrafe em; intitular; inscrever; escrever como epígrafe.), prossegue sendo alvo para acuradas (adj. Feitas com grande cuidado e apuro; esmeradas.) meditações, sempre que se evidencia o problema do escândalo do mundo.

A ação que incita a guerra, por exemplo, assumindo sua expressão de crime contra a humanidade, é daquelas situações enormemente escandalosas, sem qualquer dúvida.

Não obstante possamos identificar escândalos de todos os tipos e em diversos níveis, aquele que a beligerância (s. f. Qualidade ou estado de beligerante. Beligerante: adj. 2 gên. Que está em guerra; que faz guerra. (Do lat. belligerante.) guerreira faz explodir é dos mais hediondos sobre a face do planeta.

Todos os esforços deverão ser empreendidos pelos seres humanos, para extinguir-se, em definitivo, a hidra (s. f. (mit.) ref. À Hidra de Lerna: Serpente de sete cabeças, morta por Hércules; (Do lat. hydra.) de goela esfomeada da guerra, seja por meio da diplomacia, que, hoje em dia, abençoa os entendimentos por meio do diálogo, seja através da educação popular, quando se fará ver às criaturas todos os inconvenientes de tais atrocidades, seja em razão do que for, numa fase em que a Humanidade deve exercitar a razão com todos os seus múltiplos componentes, trabalhando na esfera da paz.

As escolas, os templos, os lares, as empresas, laborarão para a paz, e, para isso, todas as baterias de providências estarão voltadas para a educação do indivíduo, de cujo cerne provêm todos os delitos, se ele está enfermo, tanto quanto advêm todas as luzes, à proporção em que avança para maior equilíbrio.

Ao pensar-se na guerra de extermínio, imagina-se que tudo estará concluído e solucionados os seus problemas, quando sejam assinados os tratados de tréguas nos pomposos gabinetes. Poucos dão-se conta dos desdobramentos da famigerada experiência, durante e após a sua ocorrência, sem cogitar-se dos tormentos que a antecedem.

Não morrem somente os que tombam nos campos de batalhas, ou os que são devorados por explosões grotescas de quaisquer tipos. Esfacelam-se, também, na pirambeira (s. f. (bras. do leste) Depressão do terreno; desbarrancado; despenhadeiro.) da morte, um número ilimitado de pais e de mães, que recebem objetos de uso pessoal e condecorações ou salários de ácidos dos seus filhos desaparecidos. Morrem esposas vencidas pela saudade e pela solidão, após receberem as documentações que honorificam (honorificar - v. tr. dir. Dar honras a; honrar; agraciar. (Do lat. honorificare.) seus companheiros desencarnados. Morrem na frustração ou na revolta, na mágoa ou no desejo de vingança contra a sociedade, multidões de filhos relegados à orfandade, tendo os nomes dos seus genitores glorificados no altar enregelado dos mausoléus dos heróis, que as pátrias lhes constroem, como se isto resolvesse o drama das dores morais insanáveis nos seres marcados pela guerra.

Quantos mutilados físicos passam a ostentar as deformidades que o endoidecido empreendimento lhes causou?

Quantos mutilados mentais, macerados (1. adj. Que sofreu maceração; mortificado.) por neuroses e psicoses de variada monta, agitam-se nos lares e nas ruas, espreitados (s. f. Vigiados; espionados.) pela definitiva loucura, raiando para os estados de danosa violência e de crimes hediondos, ou, ainda, para os chavascais (s. m. Terreno improdutivo, de má qualidade; bosque de espinheiros e outras plantas silvestres; (fig.) lugar imundo; pocilga; chiqueiro. (De chavasco.) do vício e do infortúnio?

Ao pensarmos sobre a mostruosidade que a guerra representa, apareça onde aparecer, apoiada no motivo que for, reflitamos nas mais amplas conseqüências dessa tragédia para a humanidade inteira

Não foi por acaso que o imbatível Herói da sepultura vazia conclamou-nos à paz, chegando a afirmar que os mansos herdariam a Terra e que os pacíficos seriam chamados filhos de Deus...

É certo que aquele que tem necessidade de resgates difíceis, resgatará em dificuldades... É compreensível que, quem deve às leis da consciência, pagará o devido preço... Entanto, ninguém deverá tornar-se o braço voluntário da Divina Justiça, nesse particular.

O Criador da Vida tem maneiras e canais para fazer com que cada um retorne às linhas do equilíbrio indispensável, sem qualquer interferência danosa do irmão humano. Por isso assevera Jesus: "ai daquele homem por quem venha o escândalo!"

Envolvido nos teus afazeres, estudando, trabalhando, orientando ou realizando qualquer outra atividade, faze-te instrumento da paz, deixando que o suave ensino de Jesus Cristo ilumine a tua intimidade, a fim de que manifestando essa harmonia no teu coração, sejas, então, ponte de luz entre a Terra e os Céus, sem incentivar ou alimentar a guerra, nunca mais, mantendo-te sob o jugo do Senhor, que é formoso e que impulsiona à vida Feliz.


Ä Pena de Morte:

"Mancha a vida quem provoca a morte" (Sêneca).

A pena e morte já existia entre os povos primitivos e, originariamente, restringia-se à prática da vingança privada.

A família constituía a única unidade social e o pai, arvorando-se ((pop.) assumindo por deliberação própria (título ou encargo) (De árvore.) em guia e chefe absoluto, exercia ad libitum (loc. adv. À vontade, arbitrariamente. (Do lat.) o "direito" de punir os seus familiares, podendo ordenar a morte por qualquer motivo. Fora do ambiente familiar imperava pura e simplesmente o princípio da vindita (s. f. Vingança; represália; despique; castigo, punição legal. (Do lat. vindicta.) - Olho por olho, dente por dente. Se alguém era assassinado, os parentes da vítima se apressavam em tirar a vida de um parente do assassino. Estabelecia-se, então, um círculo vicioso. Novos homicídios. Novas represálias entre as famílias dos ofensores e dos ofendidos. A morte rondava os lares, ceifando vidas, solapando (v. tr. dir. escravizando; minando.) as bases do edifício social em formação. Procedimento de bárbaros, imprudente e pueril. Incapaz, de resto, de deter a marcha natural da Civilização, de vez que "o homem é um animal social" e não pode viver fora do seu elemento – a Sociedade.

As famílias primitivas foram-se aglomerando em clãs. Do conflito de interesses individuais nasceram as classes sociais e os clãs foram impelidos a arregimentar-se num organismo coletivo – a Nação. O meio nacional, no entanto, não podia prescindir de uma organização política como instrumento para a manutenção da ordem comunitária. Daí o surgimento de um novo elemento – o Estado, que mais não é senão "a própria nação encarada do ponto de vista de uma organização política".

Já não predominava o arbítrio dos chefes grupais, via de regra escolhidos entre os guerreiros ou sacerdotes. O Direito passou a reger as relações humanas, disciplinando preceitos de obediência e estatuindo a aplicação de penalidades.

Mas a pena de morte sobreviveu a todo esse processo evolutivo, no tempo e no espaço.

E foram vítimas do "assassínio legal" - Sócrates, Joana d’Arc, Giordano Bruno, Savanarola...

Sem falar no mais odiável de todos os assassínios: o de Jesus-Cristo.

O código de Hamurabi, promulgado por volta do ano 2000 antes de Cristo (o mais remoto documento legislativo de que se tem notícia), já consignava a pena de morte. Prescreviam-se também as Leis Assírias(1500 a. C) e o Código dos Hititas (meados do século XIV a.C). O código de Manu, datado provavelmente de 1300 ou 800 a.C., cominava a pena capital para as mulheres que não tivessem conduta virtuosa.

Sucederam-se séculos. Transcorreram milênios. Esboroaram-se (v. tr. dir. Reduziram-se a pó; desmoronam; desfizeram-se em pó. (De boroa.) impérios. Libertaram-se os povos oprimidos. Transfigurou-se o panorama geográfico de vastas regiões. As páginas da História encheram-se de eventos sensacionais: a Renascença, pugnando (discutindo acaloradamente; defendendo, sustentando. (Do lat. pugnare.) pelo aprimoramento das artes plásticas e das letras e pela libertação das tendências medievais; a Revolução Industrial, inaugurando a era da tecnologia; os enciclopedistas, procurando consolidar e disseminar a cultura; a Revolução Francesa, pregando Liberdade, Igualdade e Fraternidade; a desintegração do átomo; a Cibernética; a moderna cirurgia dos transplantes de órgãos; a conquista dos espaços cósmicos. Todo um movimento coletivo visando ao progresso e à implantação da Justiça integral.

Todavia, se atualmente há imenso progresso tecnológico e a Ciência a cada passo vem revelando maravilhas nunca dantes suspeitadas, o homem ainda vê pairar sobre a sua cabeça a "a espada de Dâmocles" (Dâmocles - cortesão familiar de Dionísio, o Velho, tirano de siracusa (início do século IV a. C.) Para fazê-lo avaliar a fragilidade do poder dos siracusanos, Dionísio cedeu-lhe seu lugar durante um dia. No meio do banquete que ele presidia, Dâmocles percebeu, suspensa sobre sua cabeça, uma espada presa unicamente por um fio de crina de cavalo. (emprega-se a imagem da "espada de Dâmocles" para designar um perigo permanente.) da penologia vigente aqui e alhures: a pena de morte.

Reza o artigo III da Declaração Universal dos Direitos Homem, proclamada pela ONU, em 10 de dezembro de1948: "todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa".

Trata-se, é certo, apenas de uma recomendação, que não tem força de lei. Mas, se os legisladores e os líderes da Humanidade estivessem cônscios de suas responsabilidades e realmente integrados na Civilização de que tanto se orgulham, nem precisariam de recomendação alguma para assegurar a todos um direito natural – a vida.

Dia virá, contudo em que a pena de morte passará às calendas gregas (momento ou tempo nenhum – pois as calendas não existiam entre os gregos – obs. Calendas – subst. fem. plural (do latim calendae) – primeiro dia do mês romano. Os últimos dias do mês precedente eram designados por seus números antes das calendas).

Incontestavelmente desaparecerá – lê-se em "O Livro dos Espíritos", e a sua supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida da Terra. Não mais precisarão os homens de ser julgados pelos homens. Refiro-me a uma época ainda muito distante de vós".

É pena que essa época esteja ainda muito longínqua. Porém a pena de morte será extinta pelos legisladores do futuro – disso não tenhamos dúvidas. Há de prevalecer a Lei de Deus: - Não matarás.

Segundo um velho princípio do Direito Romano, "o fim da pena é a emenda" – o que importa numa condenação da pena capital, de vez que ao criminoso executado não se lhe pode facultar a oportunidade de emendar-se.

- A pena de morte não se apóia em nenhum direito – diz Beccaria.

Em sua obra "Dos delitos e das penas", ensina o eminente criminalista e filósofo italiano:

"para que uma pena seja justa, deve ter apenas o grau de rigor bastante para desviar os homens do crime."

Convidado a pronunciar-se sobre a pena de morte respondeu categoricamente o renomado jurisconsulto brasileiro Clóvis Beviláqua:

"- Sou contra, pelo seu caráter definitivo e pela falibilidade dos julgamentos humanos. A História registra, lamentavelmente, um número considerável de erros judiciários."

Em 1927 foram eletrocutados nos Estados Unidos os emigrantes italianos Nicolau Sacco e Bartolomeu Vanzetti, acusados de assassínio e roubo. Antes da execução, um dos verdadeiros criminosos, Celestino Medeiros, confessou sua culpa e inocentou aqueles dois condenados, mas a "justiça" inflexível, não quis reformular a sentença. Mandou matar os três...

Muito tempo depois morria Carl Chessman numa câmara de gás da Penitenciária de San Quentin, Califórnia, sob a acusação de ser o terrível "bandido da luz vermelha". Posteriormente descobriu-se a verdade: o "bandido da luz vermelha" era o gangster Charles Terranova, conforme declaração de sua própria viúva.

Outro caso: na prisão do Distrito de Colúmbia, Charles Bernstein estava prestes a perder a vida na cadeira elétrica, quando chegou, esbaforido, um mensageiro com a ordem da comutação da pena em prisão perpétua. Teria morrido se o mensageiro houvesse se atrasado alguns minutos. Curioso é que, dois anos após, surgiram provas irrefutáveis de que Bernstein era inocente do crime que lhe fora imputado. Foi posto em liberdade.

Não é raro ouvir dizer que a pena de morte evita o crime, por causar pavor à pessoa que intenta praticá-lo.

Nada menos exato. Em quatro Estados norte-americanos que aboliram a pena de morte, decresceu o número de homicídios. O maior índice de crimes de morte ocorreu precisamente nos Estados em que prevalece a pena capital.

O certo é que, como observa Beccaria, a experiência de todos os séculos prova que o "assassínio legal" nunca deteve celerados no caminho da delinqüência.

Quem está com a razão é o Ministro da Justiça da Bélgica, que afirma:

- Chegamos à conclusão de que a melhor maneira de ensinar a respeitar a vida humana está em nos recusarmos a tirá-la em nome da lei.

Surgiu, com o Cristianismo, a aurora de uma nova era. Jesus veio ensinar e exemplificar a verdadeira Lei de Deus. Pregou o amor, o perdão e a tolerância. A partir de então, não mais se poderia admitir a lei do "olho por olho, dente por dente", que tinha a contrapor-se-lhe a nova lei do "Amai-vos uns aos outros". E quem ama é capaz de sacrificar a própria vida em benefício de outrem, porém jamais de matar o seu semelhante.

Matar criminosos não resolve: eles não morrem.

Seus corpos descerão à sepultura, mas eles, Espíritos imortais, seguiram vivos e ativos, pensando negativamente no ar que respiramos.

E muitos poderão voltar piores do que foram.

O problema da criminalidade alimenta-se do egoísmo social, da exacerbação (s. f. Ato ou efeito de exacerbar; irritação. (Do lat. exacerbatione.) dos conceitos materialistas de vida, da deseducação e do desamparo das multidões ignorantes e carentes, que se revoltam contra os desníveis da fortuna e os exemplos irresponsáveis de corrupção, exibicionismo e desperdício.

Sem que essas causas letais sejam removidas, será inútil e contraproducente o apelo a falsas soluções de violência punitiva, cujo efeito será apenas o agravamento das vinditas e o favorecimento a erros judiciais irreparáveis. Para quem não ama a vida que tem, e odeia os seus semelhantes, a ameaça de morte só faz aguçar-lhe a ferocidade e o desespero.

A função diretiva dos Governos, em todos os níveis de autoridade, não pode ser de implacáveis carrascos vingadores. Cabem-lhes, sim, as responsabilidades de prevenir e combater o crime, conter e recuperar os criminosos, minorar as carências sociais, provendo educação e assistência para todos.

Será ilusão infeliz e criminosa a instituição de um Estado homicida e uma Justiça assassina, para viabilizar a paz social através da crueldade e do desforço.

O "não matarás" continua sendo Lei Divina, cujo descumprimento trará sempre, inevitavelmente, as mais desastrosas conseqüências.

E não adianta matar o corpo de um Espírito imortal, que somente o amor legítimo e fraterno pode transformar para o bem, a felicidade e a paz.




Bibliografia:


Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos – Das Leis Morais – Parte Terceira, cap. VI – Lei de Destruição – perguntas 728 à 765.

Kardec, Allan – A Gênese – "O Bem e o Mal" item 20, 23 e 24. No item 9 "São Chegados os Tempos".

Kardec, Allan – Livro – O Céu e o Inferno – itens – 2, 3 e 4 - páginas 20, 21 e 22.

Calligaris, Rodolfo – As Leis Morais – A Lei de Destruição - páginas 91 e 92;

As Expiações Coletivas – Páginas de Espiritismo Cristão páginas 47 à 50.

Denis, Leon –O Problema do Ser, do Destino e da Dor – A Dor – perguntas 371, 372.

Revista – Reformador – FEB – julho, 1979 – página 12 "Pena de Morte" – I (Aureliano Alves Netto).

Revista – Reformador – FEB – agosto, 1979 – páginas 14, 15 – "Pena de Morte" – II (Aureliano Alves Netto).

Revista – Reformador – FEB – setembro, 1979 – página 12 – "Pena de Morte" – III (Aureliano Alves Netto).

Revista – Reformador – FEB – outubro, 1991 – páginas 06, 07, 08 e 09 (Juvanir Borges de Souza).

Apostila da Federação Espírita do Paraná – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa I – Unidade III – subunidade 6 – Da Lei de Destruição.

Dicionário Brasileiro Globo Multimídia.

Grande Enciclopédia Larousse Cultural – vol. 6 e 8.

LEI DA CONSERVAÇÃO

Introdução:

Analisando-se o processo evolutivo de todos os seres, podemos entender a importância fundamental do conhecimento da vida espiritual e, em especial, dos ensinamentos da Lei e da vontade Divina, que nos foram trazidos pelo Mestre Jesus.

Evoluem os seres, desta forma, através das múltiplas experiências tanto no plano espiritual como no plano físico, onde a influência da matéria, o contato com as demais pessoas, as vicissitudes, as provações, proporcionam inúmeras condições e oportunidades para o aprendizado, para o desenvolvimento das virtudes, para o crescimento.

Sabemos que a nossa realidade mais importante é a espiritual, mas por representar o plano físico, imprescindível instituição de aprendizado e burilamento, não podemos olvidar que, quando encarnados, a organização física, bem como os bens e condições materiais, terão grande importância como meios de evolução do próprio Espírito.

Este, no entanto, deve ter o pleno conhecimento da sua posição de usufrutuário – tem a posse momentânea, podendo "usar e fruir", porém, com a condição inalienável de "conservar", ou "bem empregar" tudo aquilo que lhe foi emprestado.

Consequentemente, de forma natural, em havendo o abuso, haverá a responsabilização proporcional.

Dentro de sua obra e leis perfeitas, nos proporcionou o Pai Criador o "instinto de conservação".

Para que bem possamos compreender o que isto significa, mister se faz a distinção inicial entre inteligência e instinto.


Ä Instinto e Inteligência

Em suas primeiras manifestações no plano físico, através de experiências sucessivas em organismos progressivamente mais complexos, o Espírito automatizou reações aos impulsos exteriores, grafando-as em seu perispírito, de modo a melhor adequar-se ao meio ambiente. Essas ações reflexas incorporam-se, dessa maneira, ao patrimônio perispiritual do ser e se manifestam no vegetal, no animal e no homem através de atos espontâneos e involuntários, que têm, em geral, uma finalidade útil tanto para o ser que os realiza quanto para sua espécie. Podemos identificar esses atos no movimento da planta que se volta na direção dos raios solares, na arte com que a aranha tece sua teia para capturar os insetos de que se nutre, ou no ato de sucção através do qual o bebê se alimenta.

Esses atos inconscientes são o resultado, portanto, do mecanismo coordenado e cada vez mais complexo das ações reflexas, a que denominamos "instintos".

No vegetal, a estruturação desse mecanismo está em seus primórdios, no animal manifesta-se plenamente e no homem sofre a ação da inteligência, que lhe altera e aperfeiçoa as manifestações.

No cap. III do livro "A Gênese", encontramos as seguintes referências: "Podemos, assim, traçar uma demarcação bem nítida entre instinto e inteligência:" "...O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente; que a flor se abre e fecha alternativamente, conforme se lhe faz necessário."

"...É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou prejudica; que buscam, conforme a estação, os climas propícios..."

No homem, só no começo da vida o instinto domina com exclusividade; é por instinto que a criança faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suas necessidades, que imita o som da voz, que tenta falar e andar. No adulto, certos atos são instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; tais ainda o piscar das pálpebras para moderar o brilho da luz, o abrir maquinal da boca para respirar, etc.

Ainda no mesmo cap. do livro "A Gênese", encontramos: "a inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias. É incontestável um atributo exclusivo da alma. Todo ato maquinal é instinto; o ato que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente. Um é livre, o outro não o é...".


Ä Instinto de Conservação:

Na Parte Terceira – Das Leis Morais, capítulo V, de "O Livro dos Espíritos", encontramos o subtítulo "Instinto de Conservação", onde são formuladas duas questões à Espiritualidade Maior:

Questão 702: É lei da Natureza o instinto de conservação? Resposta: "Sem dúvida. Todos os seres vivos o possuem, qualquer que seja o grau de sua inteligência. Nuns, é puramente maquinal, raciocinado em outros".

Questão 703: Com que fim outorgou Deus a todos os seres vivos o instinto de conservação? Resposta: Porque todos têm que concorrer para cumprimento dos desígnios da Providência. Por isso foi que Deus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Eles os sentem instintivamente, sem disso se aperceberem.

O despertar da necessidade de viver tem por finalidade a manutenção da vida orgânica, necessária ao desenvolvimento físico e moral dos seres, bem como à realização das tarefas de colaboração com a obra divina que Deus, em Sua sabedoria, concedeu a cada um como oportunidade de crescimento para o Bem. O instinto de conservação, portanto, se constitui em mais um dos eficientes instrumentos naturais que cooperam em favor do mecanismo evolutivo dos seres da criação.

Rodolfo Calligaris, no seu livro "As Leis Morais", em referindo-se ao ensinamento proporcionado pela espiritualidade, de que o instinto de conservação, por ser uma das manifestações da Lei Natural, é inerente a todos os seres vivos, complementa:

Maquinal entre os espécimes situados nos primeiros degraus da escala evolutiva, vai-se desenvolvendo à medida que os seres animam organismos mais complexos e melhor dotados, tornando-se, no reino hominal, inteligente e raciocinado.

Sendo a vida orgânica absolutamente necessária ao aperfeiçoamento dos seres, Deus sempre lhes facultou os meios de conservá-la, fazendo com que a terra produzisse quanto fosse suficiente á matança de todos os que a habitam.

Sabendo, entretanto, que, se as criaturas tivessem que usar os frutos da terra apenas em função de sua utilidade, a lei da conservação não seria cumprida, houve Deus por bem imprimir a esse ato o atrativo do prazer, dando a cada coisa um sabor especial que lhes estimulasse o apetite.

A par disso, pela própria constituição somática com que modelou os seres, restringiu-lhes o gozo da alimentação ao limite do necessário, limite esse que, se observado, lhes asseguraria uma saúde perfeitamente equilibrada.

O homem, porém, no exercício de seu livre arbítrio, freqüentemente se desmanda, cometendo toda a sorte de excessos e extravagância, resultando daí muitas doenças que o excruciam (v. tr. dir. Afligem, martirizam, atormentam. (Do lat. excruciare.) e o conduzem à morte, prematuramente. Mas, como nada se perde na economia da evolução, os sofrimentos decorrentes dos desregramentos que comete dão-lhe experiência, fortalecem-lhe a razão, habilitando-o, finalmente, a distinguir o uso do abuso.

Poder-se-á dizer que, em certas regiões do globo, o solo, imenso fértil, não produz o bastante para a nutrição de seus habitantes e que o grande número de pessoas que nelas sucumbem vitimadas pela fome parece desmentir haja uma Providência Divina a provê-los dos recursos com que cumprirem a lei da conservação da vida.

Tais calamidades ocorrem de fato, mas não por culpa de Deus, a quem não se pode imputar as falhas de nossa sociedade, na qual uns se regalam com o supérfluo, enquanto outros carecem do mínimo necessário.

Fossem os homens menos egoístas, não tivessem apenas a máscara de religiosos, e, nessas contingências, prestar-se-iam mútuo apoio, já que a terra e eles mesmos pertencem a uma só família: a Humanidade.

Cumpre aos homens aplicarem-se no estudo dos problemas que os afligem, seja aperfeiçoando cada vez mais as técnicas de cultivo da gleba, de modo a conseguirem aumento da produção, seja entregando-se a pesquisas, no sentido de descobrirem outras fontes de alimentos, esforços esses que lhes engrandecerão a inteligência, assinalando novas etapas no progresso da civilização.

Mesmo nos casos de circunstâncias críticas, para a conservação da vida, não é lícito, para matar a fome, sacrificar um semelhante. Isto seria homicídio e crime de lesa-natureza. Em casos assim, é preferível morrer, já que grande será o merecimento se formos capazes de tão sublime renúncia por amor ao próximo.

Por outro lado, as privações voluntárias observadas em algumas religiões, de nada contribuem para a elevação da alma. Todos os usos que prejudiquem a saúde, longe de apressarem o desenvolvimento espiritual, retardam-no, pois solapam ((fig.) arruinam; encobrem; dissimulam) as forças vitais de seus praticantes, diminuindo-lhes a disposição para o trabalho, que sempre foi e continuará sendo o único caminho do progresso.


Ä Meios de Conservação:

A Questão 704 de "O Livro dos Espíritos" e a devida resposta proporcionada pelos benfeitores espirituais, são bastante esclarecedoras com relação a este aspecto.

Questão 704: Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de o conseguir? Resposta: "Certo, e se ele os não encontra, é que não os compreende. Não fora possível que Deus criasse para o homem a necessidade de viver, sem lhes dar os meios de consegui-lo. Essa a razão por que faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. O supérfluo nunca o é.

Na seqüência às questões sobre o assunto, complementa Kardec: "Se é certo que a Civilização multiplica as necessidades, também o é que multiplica as fontes de trabalho e os meios de viver. Forçoso, porém, é convir em que, a tal respeito, muito ainda lhe resta fazer. Quando ela houver concluído a sua obra, ninguém deverá haver que possa queixar-se de lhe faltar o necessário, a não ser por própria culpa. A desgraça, para muitos, provém de enveredarem por uma senda diversa da que a Natureza lhes traça. É então que lhes falece a inteligência para o bom êxito. Para todos há lugar ao Sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu e não o dos outros. A Natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelas conseqüências da ambição e do amor-próprio.

Fora preciso, entretanto, ser-se cego, para se não reconhecer o progresso que, por esse lado, têm feito os povos mais adiantados. Graças aos louváveis esforços que, juntas, a Filantropia e a Ciência não cessam de despender para melhorar a condição material dos homens e mau grado ao crescimento incessante das populações, a insuficiência da produção se acha atenuada, pelo menos em grande parte, e os anos mais calamitosos do presente não se podem de modo algum comparar aos de outrora. A higiene pública, elemento tão essencial da força e da saúde, a higiene pública, que nossos pais não conheceram, é objeto de esclarecida solicitude. O infortúnio e o sofrimento encontram onde se refugiem. Por toda parte a Ciência contribui para acrescer o bem-estar. Poder-se-á dizer que já se haja chegado à perfeição? Oh! Não, certamente; mas, o que já se fez deixa prever o que, com perseverança, se logrará conseguir, se o homem se mostrar bastante avisado para procurar a sua felicidade nas coisas positivas e sérias e não em utopias que o levam a recuar em vez de fazê-lo avançar."


Ä Necessário e Supérfluo

Kardec questiona os Espíritos, na pergunta 719, se o homem merece censura por procurar o bem estar. Os Espíritos respondem: "É natural o desejo do bem estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele não considera crime a procura do bem-estar, desde que não seja conseguido às custas de outrem e não venha diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais". Temos aí um ensinamento que contesta fundamentalmente a concepção absurda e até certo ponto blasfema, corrente em certos meios religiosos, de que "o homem nasce nesse mundo para sofrer, a fim de fazer-se merecedor de suaves recompensas do céu".

Sendo a Humanidade terrena uma das mais imperfeitas no concerto universal, compreende-se porque mais sofre do que goza.

Cada um de nós pode e deve promover-se socialmente, conquistando para si mesmo e para os seus, tudo quanto seja agradável, útil e concorra para aumentar a alegria de viver.

Não é verdade, que o homem deva aceitar, passivamente, tudo que o excrucia; conformar-se, submisso, com a má organização da sociedade, responsável pela miséria de tantos; ou mesmo impor-se penitências voluntárias, por serem estas coisas conformes aos planos divinos a nosso respeito.

A Doutrina Espírita nos ensina que Ele quer a felicidade de todos, não apenas "post-mortem", num suposto paraíso de delícias, onde ninguém tenha o que fazer, contanto que Lhe compreendamos os amorosos e sábios desígnios e saibamos pautar nossos atos por uma fiel observância de Suas leis.

Não, não é crime a busca do bem estar.

Criminosa é a ignorância em que os homens vêm sendo mantidos acerca de seus direitos naturais, inerentes à sua condição de filhos de Deus, sem acepção de raça, cor ou nacionalidade.

Criminosas são as manobras do egoísmo empregadas por uma minoria dominante, no sentido de impedir o advento da justiça social e a conseqüente melhoria de vida dos povos.

Criminosos são os gastos enormes que se fazem em programas armamentistas em detrimento da produção dos bens de consumo.

Criminoso é o desvio de vultuosas parcelas da Humanidade (exatamente os elementos mais válidos) dos trabalhos fecundos que ativam a civilização, para a improdutividade das casernas, para as operações bélicas que destroem, em minutos, o que levou séculos para edificar.

O dinheiro constitui pesada responsabilidade para seu possuidor. A aplicação do dinheiro torna-o agente do progresso social, do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes, moral, ou causa de inomináveis desgraças.

Para consegui-lo, empenham-se os valores da inteligência, em esforços exaustivos, por meio dos quais são fomentados o comércio, a indústria, as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os conhecimentos. Porém, no sub-mundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando a astúcia e a indignidade favorece os disparates da emoção, aliciando (v. tr. dir. e ind. incitando; provocando. (Do lat. allicerce.) as ambições desregradas para o consórcio da anarquia com o prazer. Sua presença ou ausência é relevante para a quase totalidade dos homens terrenos. Graças a ele estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.

O dinheiro é meio e não meta. Sendo previdente, o homem pode multiplica-lo a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou ambição que tresvaria.

Joanna de Ângelis diz: "De como te servires do dinheiro construirás o céu da alegria ou o inferno de mil tormentos para ti mesmo".

Há muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria entre os homens. O desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade. A vida é simples nas suas exigências quase ascetas (s. 2 gên. Pessoa que se entrega inteiramente aos exercícios espirituais e a penitências; (fig.) pessoa de vida irrepreensível. (Do gr. asketes.). No entanto, muitos cristãos distraídos, ataviam-se (v. tr. dir. enfeitam-se; adornam-se; aformoseam-se.), complicando os deveres, sobrecarregando-se do dispensável, desperdiçando valores, tempo e oportunidade edificante para o próprio burilamento.

Kardec preceitua em sua observação à questão 717 de "O Livro dos Espíritos" que: "...Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A civilização criou necessidades que o selvagem desconhece... Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio...".

O gosto pelo supérfluo é, assim, prejudicial ao homem. Os desregramentos que provoca fazem com que a natureza animal tenha preponderância sobre a natureza espiritual. Nessas condições, o atrativo dos bens materiais também funciona como prova para o espírito que vivencia as oportunidades do mundo físico. Para bem se conduzir na esfera carnal, o homem deve conhecer o limite entre o necessário e o supérfluo. Algumas pessoas ainda requerem seguidas experiências e grande esforço para adquirir esse conhecimento. Outras a têm por intuição das conquistas efetivadas em vidas pregressas.

De qualquer modo, segundo Joanna de Ângelis, é necessário renovar os valores: "Renovar é processo fecundo de produzir. Não apenas renovar para variar, antes reativar os valores que jazem vencidos pela rotina pertinaz, ou redescobrir os ideais que, pouco a pouco, vão consumidos pelo marasmo ((fig.) melancolia; apatia moral.), vencidos pela modorra (s. f. grande vontade de dormir; sonolência; letargo; (fig.) apatia; indolência. (Do cast. modorra.), desarticulados pelas contingências da mecânica realizadora".

Deve ser esclarecido a esse respeito, que o limite do necessário não é exato e absoluto, pois em realidade, é relativo às condições de vida proporcionadas pelos avanços da civilização, que criam novas necessidades. Pode-se dizer, contudo, que são essenciais aos homens todos os bens de relevância para a sua sobrevivência, para que desfrutem de relativo conforto e possam participar da vivência social. São supérfluos todos os bens que servem a outras finalidades, tais como o luxo e a satisfação do orgulho, assim como os que acumulados, improdutivos, nas mãos de poucos, fazem falta a muitos. O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides ...

Cabe, portanto, ao indivíduo, às instituições e aos Governos, desenvolverem esforços no sentido de estender a todos, sem exceção, os benefícios decorrentes da melhoria do padrão de vida humana, originados dos progressos da civilização, de modo a atenuar as desigualdades sociais.

Joanna de Ângelis, no seu livro " Leis Morais da Vida, cap. 20, comenta: "Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo. Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos...".

Para garantir o cumprimento dessa tarefa, assegurando o bem-estar a todos os homens, são necessários investimentos nos setores da saúde, alimentação, acesso aos meios de comunicação e, em especial, da educação – compreendida em seu sentido mais amplo de formação intelectual, social, moral e espiritual do ser.

As conquistas da ciência e do conhecimento humano, como um todo, possibilitarão à Humanidade ampliar o bem-estar social.

A Doutrina Espírita explica que pela Lei da Evolução, os mundos também progridem e se destinam a oferecer aos seus habitantes condições de morada cada vez mais aprazíveis (adj. 2 gên. Que apraz; agradável; ameno, delicioso; (De aprazer.). O aperfeiçoamento da estrutura sócio-econômica das nações terrenas é, assim, um imperativo categórico, e bom seria que, ao invés de resistir às medidas que o favoreçam, as classes privilegiadas em cujas mãos estão as rédeas do poder, renunciassem espontaneamente a algo que lhes sobeja (v. intr. e tr. ind. - que sobra; que é demasiado, que se tem em excesso.), em favor do bem estar coletivo. Isso evitaria os processos violentos e dolorosos que hão assinalado, até o presente, a marcha do progresso neste minúsculo planeta, inaugurando uma nova era, de compreensão e boa vontade, que os reacionários (contrários à liberdade) batizarão com outros nomes, mas que representará o triunfo do Cristianismo em sua expressão mais autêntica, mais nobre e mais bela.




Bibliografia:



Kardec, Allan - A Gênese cap. III - O bem e o mal – pergunta 74.

Kardec, Allan - O livro dos Espíritos. Parte Terceira, cap. V, perguntas 702, 703, 704, 705, 707, 717, 720 e 727.

Calligaris, Rodolfo - As Leis Morais - A Lei da Conservação – páginas 83 à 85; A Procura do Bem-estar páginas 87 à 89.

Franco, Divaldo Pereira. Leis Morais da vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis - Cap. V . Desperdícios.

Apostila da Federação Espírita do Paraná – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa I – Unidade III – subunidade 5 – Da Lei de conservação: conservação da vida; necessário e supérfluo.

Carmem Faini Tiepolo de Aguiar: CURUMINS CON EL DOLOR DEL MUNDOEn el texto anter...

Carmem Faini Tiepolo de Aguiar: CURUMINS CON EL DOLOR DEL MUNDO

En el texto anter...
: CURUMINS CON EL DOLOR DEL MUNDO En el texto anterior de este blog me prometí que iba a denunciar a las vidas pasadas de los futbolist...

O Invisivel ao olhos


O rei e as quatro esposas

Era uma vez... um rei que tinha 4 esposas.
Ele amava a 4ª esposa demais, e vivia dando-lhe lindos presentes, jóias e roupas caras. Ele dava-lhe de tudo e sempre do melhor.
Ele também amava muito sua 3ª esposa e gostava de exibi-la aos reinados vizinhos.
Contudo, ele tinha medo que um dia, ela o deixasse por outro rei.
Ele também amava sua 2ª esposa.
Ela era sua confidente e estava sempre pronta para ele, com amabilidade e paciência. Sempre que o rei tinha que enfrentar um problema, ele confiava nela para atravessar esses tempos de dificuldade.
A 1ª esposa era uma parceira muito leal e fazia tudo que estava ao seu alcance para manter o rei muito rico e poderoso, ele e o reino.
Mas, ele não amava a 1ª esposa, e apesar dela o amar profundamente, ele mal tomava conhecimento dela.
Um dia, o rei caiu doente e percebeu que seu fim estava próximo.
Ele pensou em toda a luxúria da sua vida e ponderou:

É, agora eu tenho 4 esposas comigo, mas quando eu morrer, com quantas poderei contar?
Então, ele perguntou à 4ª esposa:

Eu te amei tanto, querida, te cobri das mais finas roupas e jóias. Mostrei o quanto eu te amava cuidando bem de você. Agora que eu estou morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me deixar sozinho?
De jeito nenhum! respondeu a 4ª esposa, e saiu do quarto sem sequer olhar para trás.
A resposta que ela deu, cortou o coração do rei como se fosse uma faca afiada.
Tristemente, o rei então perguntou para a 3ª esposa:

Eu também te amei tanto a vida inteira. Agora que eu estou morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me deixar sozinho?
Não!!!, respondeu a 3ª esposa.
A vida é boa demais!!! Quando você morrer, eu vou é casar de novo.
O coração do rei sangrou e gelou de tanta dor.
Ele perguntou então à 2ª esposa:

Eu sempre recorri a você quando precisei de ajuda, e você sempre esteve ao meu lado. Quando eu morrer, você será capaz de morrer comigo, para me fazer companhia?
Sinto muito, mas desta vez eu não posso fazer o que você me pede! respondeu a 2ª esposa.
O máximo que eu posso fazer é enterrar você!
Essa resposta veio como um trovão na cabeça do rei, e mais uma vez ele ficou arrasado.
Daí, então, uma voz se fez ouvir:

Eu partirei com você e o seguirei por onde você for... O rei levantou os olhos e lá estava a sua 1ª esposa, tão magrinha, tão mal nutrida, tão sofrida...
Com o coração partido, o rei falou:

Eu deveria ter cuidado muito melhor de você enquanto eu ainda podia...
Na verdade, nós todos temos 4 esposas nas nossas vidas...
Nossa 4ª esposa é o nosso corpo.
Apesar de todos os esforços que fazemos para mantê-lo saudável e bonito, ele nos deixará quando morrermos...
Nossa 3ª esposa são as nossas posses, as nossas propriedades, as nossas riquezas. Quando morremos, tudo isso vai para os outros.
Nossa 2ª esposa são nossa família e nossos amigos. Apesar de nos amarem muito e estarem sempre nos apoiando, o máximo que eles podem fazer é nos enterrar...
E nossa 1ª esposa é a nossa ALMA, muitas vezes deixada de lado por perseguirmos, durante a vida toda, a Riqueza, o Poder e os Prazeres do nosso Ego...
Apesar de tudo, nossa Alma é a única coisa que sempre irá conosco, não importa aonde formos. Então...

Cultive...

Fortaleça...

Bendiga...

Enobreça... sua Alma agora!!!

Virtudes


UNIÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ - CAMPO GRANDE/MS: Começar é preciso

UNIÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ - CAMPO GRANDE/MS: Começar é preciso: Arquivo em Mp3 - Começar é preciso com Jaime Modesto e Vital Arguelho, no site do Humanizar. Confira no site: http://www.humanizarcg.com....

PAULO NETO

Estará na UNIÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ, no dia 10 de Junho de 2012 às 14:30 horas. Aquelas pessoas que desejarem Tratamento, esteja antes do horário nessa casa a fim de se preparar para o atendimento.


Humanização


Humanização

O processo de humanização inclui a proposta de tornar humano, benévolo, afável, dar a condição de o homem, humanizar, e civilizar-se, segundo os conceitos humanos.
A dificuldade de realizar uma conquista humanizada muitas vezes está atrelada a diversas dificuldades de cunho diverso, uma delas é como temos verificado, está ligada aos diversos processos de dor que o espírito vivência em sua longa jornada evolutiva. Sem investigarmos as causas passadas relacionadas às vidas pregressas do espírito, nos detenhamos por enquanto, nas causas presentes o que no nosso entendimento já é base bastante complexa para compreender os mecanismos causadores de angústia e sofrimento que não permite ao espírito dar os passos libertadores que nos remetem a humanização.
Cada alma traz dentro de si uma longa história de dor. Dores que são com ferro em brasa, a arder e a queimar-nos constantemente. Mas para que possamos promover a humanização, necessitamos urgentemente compreender a nossa condição humana. Precisamos nos olhar, dirigir um olhar perscrutador ao espelho de nossa existência como ser humano.
Embora inseridos a realidades angustiantes precisamos buscar uma forma de nos desprendermos dos mecanismos paralisantes e aprisionantes que nós mesmos nos comprazemos em manter.
O ego e seus mecanismos de aprisionamento insiste em nos manter na ignorância, na tentativa ilógica de impedir a inteligência de fazer o seu papel. O ser humano que sofre, mantém em si água parada. Na proposta de mudança para a nova jornada de transformação de conceitos, necessário se faz que mexamos nessas águas. Esse processo traz a tona outras dores e lembranças escondidas nos escaninhos de nosso inconsciente. Mudar é um processo doloroso.
Uma imersão ao passado não tão distante, acessar sentimentos mal resolvidos e que foram causadores dos traumas e das dores que nos limitaram. Mas que alegria, podermos nos desfazermos dessas bagagens empoeiradas, que alívio perdoar.
Poder olhar para si mesmo como se olha para um filho, com ternura e compreensão, aquela compreensão que muitas vezes desejamos receber durante o nosso processo de crescimento.
Humanizar não é um processo simples.
É necessário coragem para fazê-lo, mas dado o primeiro passo haveremos, como crianças, de dar o passo seguinte. Nossa alma agradece, e libertos desses conceitos possamos alcançar a alegria e olhar de frente para a nossa essência divina de amor.

K. Rosane.



Começar é preciso

Arquivo em Mp3 - Começar é preciso com Jaime Modesto e Vital Arguelho, no site do Humanizar. Confira no site: http://www.humanizarcg.com.br